Você sabia que certos comportamentos, medos ou dificuldades que enfrentamos podem estar profundamente enraizados em experiências que não vivemos diretamente?
Os traumas transgeracionais (também chamados de traumas geracionais, traumas ancestrais, ou traumas intergeracionais) são marcas emocionais e comportamentais que atravessam gerações, sendo transmitidas de pais para filhos e, muitas vezes, perpetuando ciclos de dor e sofrimento ao longo do tempo.
Esse fenômeno, ainda pouco compreendido por muitos, tem sido estudado pela psicologia e pela epigenética, mostrando que o trauma não se restringe apenas à pessoa que o vivenciou.
A dor vivida por nossos antepassados pode se manifestar em nossas vidas por meio de padrões de comportamento, dificuldades emocionais ou até mesmo sintomas físicos, muitas vezes sem que tenhamos consciência de sua origem.
Os traumas transgeracionais não afetam apenas a saúde mental, mas também impactam relacionamentos, autoestima e a capacidade de tomar decisões saudáveis na vida cotidiana.
Entender como esses traumas funcionam é o primeiro passo para interromper o ciclo e criar uma nova narrativa pessoal, livre do peso do passado.
Neste artigo, você vai descobrir o que são traumas transgeracionais, como eles afetam sua vida de maneiras surpreendentes e, principalmente, como superá-los de forma definitiva.
A jornada pode ser desafiadora, mas com as ferramentas certas e o conhecimento adequado, é possível transformar a dor herdada em uma oportunidade de cura, crescimento e renovação.
Se você sente que certos padrões se repetem em sua família ou percebe emoções e comportamentos que parecem não ter explicação, este conteúdo é para você. Vamos juntos entender os traumas transgeracionais e encontrar caminhos para superar essas heranças invisíveis, criando um futuro mais leve e consciente.
O que são traumas transgeracionais?
Os traumas transgeracionais são feridas emocionais, comportamentais ou psicológicas que atravessam gerações, sendo transmitidas dos antepassados para os descendentes.
Diferentemente de traumas pessoais, que resultam de experiências diretas vividas por um indivíduo, os traumas transgeracionais são herdados de forma indireta, influenciando a vida de pessoas que, muitas vezes, sequer conhecem a origem de seus sofrimentos.
Na psicanálise, Freud abordou a ideia de hereditariedade psíquica, sugerindo que os traumas e conflitos não resolvidos de uma geração poderiam influenciar as gerações seguintes.
Embora Freud não tenha usado o termo “traumas transgeracionais”, ele descreveu como comportamentos e padrões emocionais podem ser transmitidos de pais para filhos, muitas vezes de maneira inconsciente.
O conceito de repetição compulsiva é um exemplo disso, onde indivíduos repetem padrões de comportamento sem saber, muitas vezes como uma forma de reviver ou tentar resolver conflitos familiares não processados.
Essas ideias de Freud são fundamentais para entender como os traumas transgeracionais afetam as gerações seguintes.
O que as gerações anteriores não conseguiram elaborar emocionalmente pode ser internalizado pelos descendentes, influenciando suas escolhas de vida, saúde mental e relacionamentos.
Do ponto de vista científico e psicológico, o conceito de traumas transgeracionais ganhou destaque a partir de estudos realizados no pós-guerra, quando se percebeu que filhos e netos de sobreviventes de situações extremas, como o Holocausto, apresentavam sintomas semelhantes aos de estresse pós-traumático, mesmo sem terem vivido os eventos traumáticos diretamente. Esses traumas são transmitidos através de:
- Aspectos emocionais e comportamentais: Experiências negativas, como abandono, violência ou luto não elaborado, moldam comportamentos nos pais ou avós, que acabam sendo passados adiante. Por exemplo, uma mãe que viveu uma infância negligenciada pode, inconscientemente, reproduzir padrões de distanciamento afetivo com seus filhos.
- Aspectos genéticos (Epigenética): A epigenética é o campo da ciência que estuda como o ambiente e as experiências de vida podem alterar a expressão dos nossos genes. Estudos sugerem que eventos traumáticos podem causar mudanças epigenéticas no DNA, influenciando o funcionamento de genes ligados ao estresse e à saúde mental, e essas mudanças podem ser transmitidas para gerações futuras.
Exemplo Prático
Imagine uma família que, durante uma guerra, enfrentou situações extremas de fome e pobreza. Os descendentes podem manifestar comportamentos ligados a essa experiência, como uma necessidade excessiva de controle financeiro, ansiedade em relação ao futuro ou medo irracional de escassez, mesmo vivendo em contextos mais estáveis.
Da mesma forma, filhos de pais emocionalmente distantes podem crescer com dificuldade em estabelecer vínculos saudáveis, carregando o peso de um abandono que não foi vivenciado por eles diretamente.
Esses exemplos ilustram como os traumas transgeracionais influenciam não apenas o comportamento, mas também a forma como vemos o mundo e nos relacionamos com ele.
É essencial reconhecer esses padrões para que possamos interromper ciclos destrutivos e evitar que a dor do passado continue a impactar o presente e o futuro.
Compreender o que são traumas transgeracionais é o primeiro passo para quebrar essa cadeia. Ao identificar suas origens e consequências, podemos começar a construir uma narrativa mais saudável e libertadora, transformando a herança de sofrimento em um caminho de cura e resiliência.
Como os traumas transgeracionais afetam sua vida?
Os traumas transgeracionais podem afetar profundamente diversas áreas da vida, mesmo que suas causas não sejam facilmente identificáveis. Eles influenciam a forma como pensamos, sentimos e nos relacionamos, gerando desafios que parecem não ter explicação lógica.
A herança de padrões emocionais e comportamentais não resolvidos pode ser transmitida silenciosamente, comprometendo nossa saúde mental, nossos relacionamentos e a maneira como enxergamos a nós mesmos e o mundo ao nosso redor.
Impacto na saúde mental
A saúde mental é uma das áreas mais atingidas pelos traumas transgeracionais. Experiências de dor e sofrimento vividas por gerações anteriores podem criar predisposições para uma série de distúrbios emocionais nos descendentes. Entre os principais impactos estão:
- Ansiedade generalizada: Medos irracionais, preocupação constante com o futuro e sensação de perigo iminente podem ser reflexos de eventos traumáticos passados, como guerras, abusos ou perdas.
- Depressão: Sentimentos persistentes de tristeza, falta de propósito ou desconexão emocional podem surgir em indivíduos cujos antepassados enfrentaram situações de abandono ou sofrimento extremo.
- Fobias inexplicáveis: Medos intensos, como medo de escassez financeira, aglomerações ou até mesmo situações de afeto, podem ter raízes em experiências traumáticas herdadas.
- Estresse pós-traumático (indireto): Mesmo sem vivenciar o trauma diretamente, os descendentes podem carregar sintomas de trauma, como insônia, irritabilidade e flashbacks relacionados à experiência ancestral.
Estudos científicos comprovam que os traumas transgeracionais podem deixar marcas duradouras no sistema nervoso, predispondo os indivíduos a reações intensas de estresse e medo, mesmo em contextos seguros.
Impacto nos relacionamentos
Os traumas transgeracionais também afetam a forma como nos conectamos com os outros, especialmente em nossos relacionamentos mais próximos. Quando padrões familiares negativos não são identificados e resolvidos, eles tendem a se repetir ao longo das gerações, manifestando-se como:
- Abuso emocional: Ciclos de agressão verbal, manipulação e desvalorização podem ser perpetuados em diferentes gerações de uma mesma família.
- Dificuldade em criar vínculos saudáveis: A ausência de afeto ou o medo de se apegar pode ser reflexo de relacionamentos familiares disfuncionais no passado.
- Padrões tóxicos de dependência ou isolamento: Pessoas que herdaram traumas familiares podem desenvolver comportamentos extremos, como apego excessivo ou afastamento emocional, por não saberem como estabelecer limites saudáveis.
Por exemplo, um pai que cresceu em um ambiente abusivo pode, sem perceber, reproduzir comportamentos agressivos com os filhos, criando um ciclo que só será quebrado quando o padrão for identificado e tratado.
Assim, os traumas transgeracionais têm o poder de moldar dinâmicas familiares, influenciando negativamente os relacionamentos de uma geração para outra.
Impacto no comportamento e autoestima
Além da saúde mental e dos relacionamentos, os traumas transgeracionais influenciam diretamente nossas crenças, comportamentos e até mesmo a visão que temos de nós mesmos.
Muitas vezes, carregamos crenças limitantes que não são verdadeiramente nossas, mas herdadas do sofrimento de gerações anteriores. Entre os impactos mais comuns estão:
- Autossabotagem: Comportamentos que impedem o crescimento pessoal e profissional, como procrastinação, medo do sucesso ou sentimento de inferioridade.
- Crenças de escassez e insegurança: Frases como “dinheiro é difícil de conseguir” ou “não posso confiar em ninguém” frequentemente têm raízes em experiências de pobreza ou traição vividas por gerações anteriores.
- Baixa autoestima e falta de autovalorização: O desprezo ou a falta de reconhecimento em famílias pode gerar descendentes que têm dificuldade em reconhecer o próprio valor e suas capacidades.
Por exemplo, uma pessoa que cresceu em uma família onde a pobreza foi constante pode carregar uma crença inconsciente de que nunca será capaz de prosperar financeiramente, mesmo em contextos favoráveis. Esse padrão de comportamento é fruto dos traumas transgeracionais, que moldam escolhas e atitudes sem que a pessoa perceba.
Compreender os impactos dos traumas transgeracionais em áreas cruciais da vida, como saúde mental, relacionamentos e autoestima, é fundamental para interromper ciclos destrutivos.
Reconhecer que esses traumas existem e afetam diretamente nossas vidas é o primeiro passo para ressignificar essas experiências e construir um caminho de cura e transformação.
Sinais de que você carrega traumas transgeracionais
Os traumas transgeracionais podem se manifestar de maneiras sutis ou intensas, influenciando sua vida sem que você perceba de onde vêm determinados medos, comportamentos ou dificuldades.
Identificar esses sinais é fundamental para iniciar um processo de cura. Eles podem aparecer como sintomas emocionais, comportamentais ou até mesmo como padrões repetitivos na vida familiar.
Sintomas emocionais e comportamentais comuns
- Medos irracionais sem causa aparente: Sentir medo extremo de situações cotidianas, como escassez financeira, abandono ou perda, mesmo sem ter vivido experiências que justifiquem tais sentimentos.
- Sentimentos de culpa ou vergonha inexplicáveis: Carregar emoções negativas profundas que parecem não ter origem clara em suas experiências de vida.
- Dificuldade em lidar com o sucesso ou a prosperidade: Autossabotagem em momentos importantes, como se algo dentro de você impedisse seu crescimento pessoal ou profissional.
- Repetição de comportamentos destrutivos: Mesmo tentando agir de forma diferente, padrões tóxicos se repetem, como relacionamentos abusivos ou falta de limites saudáveis.
- Sensação de estar preso(a): Sentir que a vida não avança, como se houvesse uma força invisível que impede você de progredir.
Exemplos práticos
- Medo irracional sem causa aparente: Uma pessoa que vive em segurança financeira, mas tem uma ansiedade constante de perder tudo, pode estar carregando os reflexos de experiências de escassez enfrentadas por avós ou bisavós em tempos de guerra ou crises econômicas.
- Dificuldades financeiras que se repetem em gerações: Famílias que, geração após geração, enfrentam problemas de endividamento, pobreza ou má administração financeira podem estar reproduzindo crenças inconscientes herdadas, como “dinheiro é perigoso” ou “não merecemos prosperar.”
- Relações familiares com padrões destrutivos: Se sua família apresenta padrões recorrentes de abandono emocional, abuso ou falta de diálogo, isso pode ser reflexo de traumas transgeracionais não resolvidos, perpetuando relações tóxicas ao longo das gerações.
Os traumas transgeracionais podem estar mais presentes em sua vida do que você imagina. Ao reconhecer esses sintomas e padrões, você ganha a oportunidade de olhar para o passado com consciência e ressignificar o presente, construindo uma nova realidade mais leve e saudável.
Como superar os traumas transgeracionais de forma definitiva
Superar traumas transgeracionais é um processo que exige dedicação, autocompreensão e, muitas vezes, suporte profissional.
Felizmente, com soluções práticas e embasamento científico, é possível quebrar padrões negativos e construir um futuro mais saudável e equilibrado. A combinação de terapia, autoconhecimento e decisões conscientes pode, de fato, ajudar você a superar os traumas transgeracionais de forma definitiva.
Terapia como ferramenta de cura
A terapia é uma das abordagens mais eficazes e cientificamente comprovadas para tratar traumas transgeracionais.
Ela proporciona um espaço seguro para reconhecer padrões, trabalhar emoções reprimidas e ressignificar memórias familiares dolorosas. Confira algumas das abordagens recomendadas:
- Terapia Sistêmica Familiar
Focada na dinâmica familiar, essa abordagem busca identificar os laços invisíveis que perpetuam os traumas. Ao compreender o papel de cada membro da família e como os padrões são transmitidos, é possível iniciar um processo profundo de cura e reconciliação com o passado.
- EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares):
Utilizada para tratar traumas, essa técnica ajuda o cérebro a reprocessar memórias dolorosas. Estudos demonstram que o EMDR é altamente eficaz para reduzir sintomas relacionados a traumas transgeracionais, como ansiedade e estresse.
- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC):
A TCC foca na identificação e modificação de padrões de pensamento e comportamento disfuncionais, ajudando você a quebrar ciclos negativos herdados e desenvolver novas formas de agir e pensar.
Benefícios comprovados da terapia na superação dos traumas transgeracionais:
- Redução de sintomas como ansiedade e depressão.
- Maior compreensão das dinâmicas familiares.
- Desenvolvimento de habilidades emocionais para lidar com padrões herdados.
- Construção de uma identidade fortalecida e resiliente.
A importância do autoconhecimento e da auto-observação
O autoconhecimento é uma ferramenta poderosa para identificar e compreender como os traumas transgeracionais influenciam suas emoções e comportamentos. Ele permite que você observe padrões inconscientes e, com essa clareza, inicie um processo de cura.
- Práticas como meditação e mindfulness:
A meditação e o mindfulness ajudam a desenvolver a consciência do momento presente, permitindo reconhecer emoções e comportamentos automáticos ligados aos traumas herdados. Essa prática fortalece a capacidade de resposta emocional, reduzindo reações impulsivas.
- Exercícios de escrita terapêutica:
A escrita terapêutica é uma prática que possibilita expressar sentimentos, memórias e padrões emocionais de forma clara e segura. Experimente:- Escreva sobre as histórias familiares que mais impactaram você.
- Identifique como essas histórias moldaram seus medos, crenças ou comportamentos.
- Rescreva essas narrativas de maneira positiva, destacando o que você pode aprender e transformar.
O autoconhecimento não apenas ajuda a reconhecer os traumas transgeracionais, mas também traz o poder de interromper padrões negativos e construir uma nova realidade.
Quebrando ciclos através de escolhas conscientes
Tomar decisões conscientes é essencial para interromper a transmissão de traumas ao longo das gerações. Quebrar ciclos exige esforço ativo para identificar comportamentos negativos e substituí-los por escolhas mais saudáveis.
- Identificação e substituição de padrões negativos:
- Liste padrões familiares recorrentes (ex.: críticas excessivas, relações abusivas, medo de prosperar).
- Pergunte-se: “Como posso agir diferente para interromper esse ciclo?”
- Estabeleça novos hábitos e comportamentos alinhados com suas metas de cura.
- A importância de estabelecer limites em relações familiares tóxicas:
Reconhecer e respeitar seus limites é um ato de amor próprio. Relacionamentos tóxicos, mesmo com familiares, precisam ser reavaliados. Algumas ações incluem:- Comunicar suas necessidades de forma clara e firme.
- Reduzir o contato com pessoas que perpetuam padrões destrutivos.
- Buscar apoio em pessoas ou comunidades que incentivam sua evolução emocional.
Tomar escolhas conscientes é um passo fundamental para superar os traumas transgeracionais, trazendo uma transformação genuína e duradoura.
Construindo uma nova narrativa familiar
Reescrever sua história é um ato poderoso de cura. A transformação dos traumas transgeracionais começa quando você decide dar um novo significado ao passado e usar essa dor como um catalisador para o crescimento.
- Reescrevendo sua história:
- Identifique os pontos de dor na narrativa familiar.
- Pergunte-se: “O que posso aprender com essas experiências?”
- Transforme a dor em resiliência, reconhecendo sua força em quebrar os ciclos que outras gerações não conseguiram.
- Exemplos práticos e histórias inspiradoras:
Imagine alguém que cresceu em um lar marcado pela pobreza e medo constante de escassez financeira. Ao buscar terapia e desenvolver autoconhecimento, essa pessoa decidiu quebrar o ciclo, investindo em educação financeira e mudando o padrão para as próximas gerações. Histórias como essa mostram que superar traumas transgeracionais é possível e traz impactos positivos para toda a família.
Ao construir uma nova narrativa, você honra seu passado, mas escolhe não ser definido por ele. A cura dos traumas transgeracionais é um presente que você dá a si mesmo e às próximas gerações.
Superar os traumas transgeracionais de forma definitiva exige uma combinação de terapia, autoconhecimento e decisões conscientes.
Não importa quão profundos sejam os padrões familiares herdados, é possível quebrar ciclos e transformar dor em resiliência e crescimento. A mudança começa com você e, ao dar esse passo, você cria um legado de cura e esperança para o futuro.
Inspirando-se em histórias de superação
Superar os traumas transgeracionais pode parecer uma jornada difícil e solitária, mas, ao ouvir histórias de quem já enfrentou e venceu esses desafios, é possível encontrar inspiração e motivação.
Relatos de pessoas que superaram seus próprios traumas podem iluminar o caminho e mostrar que, com apoio e esforço, é possível transformar a dor em força e resiliência.
Breves relatos inspiradores de pessoas que venceram os traumas transgeracionais
- Fátima, que quebrou o ciclo de abuso emocional:
Fátima cresceu em um ambiente familiar onde o abuso emocional era uma constante. Sua mãe, marcada por traumas de infância, repetia padrões de crítica e rejeição.
No entanto, Fátima buscou a terapia e percebeu como essas dinâmicas estavam repetindo-se em sua vida. Ela fez escolhas conscientes para romper com esses padrões, desenvolveu autoestima e estabeleceu limites saudáveis com sua mãe.
Hoje, Fátima é uma defensora da saúde mental e da importância da cura emocional, ajudando outras mulheres a quebrar ciclos familiares negativos.
- Carlos, que superou o medo de escassez financeira:
Carlos cresceu em um lar onde a escassez financeira era um tema constante. Seus pais, que haviam passado por dificuldades extremas durante a guerra, transmitiram a ele uma crença limitante de que dinheiro era sinônimo de sofrimento.
Quando Carlos se deu conta de que esses medos estavam guiando suas decisões financeiras de forma irracional, ele começou a trabalhar com um terapeuta especializado em traumas transgeracionais. Hoje, ele é bem-sucedido financeiramente e ensina jovens a lidar com a abundância de uma maneira saudável.
- Mariana, que reescreveu sua narrativa familiar:
Mariana herdou um legado de tristeza e abandono emocional de gerações passadas. Ela percebeu que, embora não tivesse vivido os mesmos traumas diretamente, as histórias de sua família estavam definindo sua visão de mundo.
Com apoio terapêutico e práticas de meditação, ela conseguiu ressignificar suas experiências e transformou as histórias de dor em lições de resiliência. Mariana compartilhou sua jornada em workshops e agora atua como mentora, ajudando outros a reescreverem suas próprias narrativas familiares.
Como compartilhar sua jornada pode ser libertador e inspirar outros
Compartilhar sua história de superação dos traumas transgeracionais pode ser um dos passos mais libertadores do processo de cura. Além de permitir que você se liberte de padrões antigos, a partilha também inspira aqueles ao seu redor a darem o primeiro passo na jornada de cura.
Ao contar sua experiência, você não só oferece esperança, mas também proporciona uma rede de apoio para outras pessoas que podem estar enfrentando desafios semelhantes.
- Transformação através da narrativa:
Cada história tem o poder de transformar a dor em força, e ao contar a sua, você cria um espaço de empatia, compreensão e solidariedade. Não subestime o poder da sua jornada!
- Exemplo para as gerações futuras:
Quando você quebra o ciclo de traumas transgeracionais e compartilha sua história, você não só muda sua vida, mas também influencia positivamente as gerações futuras. Você se torna um modelo de resiliência e coragem, mostrando que é possível superar qualquer desafio, independentemente das circunstâncias do passado.
Exemplos reais de pessoas que superaram os traumas transgeracionais com sucesso
- João e a transformação das gerações:
João cresceu em um ambiente familiar onde o alcoolismo e a violência eram comuns. Seus avós e pais lutaram com esses mesmos problemas, criando um ciclo que parecia impossível de quebrar.
No entanto, João decidiu que não seguiria o mesmo caminho. Ele procurou ajuda terapêutica e fez mudanças significativas em sua vida, incluindo o estabelecimento de novos hábitos e relacionamentos saudáveis.
João hoje ajuda outros a se libertarem de comportamentos prejudiciais, tornando-se um exemplo de como a mudança é possível, mesmo quando as gerações anteriores não tiveram sucesso.
- Luciana e o ciclo de abuso sexual:
Luciana enfrentou o trauma de abuso sexual, um problema que também afetava sua mãe e avó. A dor emocional que ela carregava era insuportável, mas ela encontrou força ao buscar apoio psicológico.
Com o tempo, Luciana conseguiu romper o ciclo de dor e restaurar sua autoestima. Ela compartilha sua experiência em palestras e livros, motivando outras mulheres a enfrentarem seus traumas e a se libertarem das amarras emocionais herdadas.
As histórias de superação são um lembrete de que, não importa quão profundos sejam os traumas transgeracionais, sempre há esperança.
Ao ouvir relatos como esses e compartilhar o seu próprio processo de cura, você se une a uma rede de apoio e inspira outros a seguir um caminho de libertação e transformação. Sua jornada pode ser a luz que ilumina o caminho para muitos que ainda estão presos no ciclo do sofrimento.
Conclusão
Superar os traumas transgeracionais é uma jornada desafiadora, mas profundamente transformadora. Neste artigo, exploramos as diversas maneiras pelas quais esses traumas podem afetar nossa saúde mental, relacionamentos e autoestima, e como é possível interromper esses ciclos negativos.
As principais estratégias apresentadas para identificar e superar os traumas transgeracionais incluem a compreensão profunda de como esses traumas são transmitidos de geração em geração, o reconhecimento de seus impactos, e, principalmente, a adoção de soluções práticas e cientificamente embasadas, como a terapia, o autoconhecimento e a conscientização de padrões familiares.
Resumo das principais estratégias para identificar e superar os traumas transgeracionais:
- Identificação dos sinais: Reconhecer sintomas emocionais e comportamentais comuns é o primeiro passo para entender se você carrega traumas transgeracionais.
- Terapias especializadas: Ferramentas como Terapia Sistêmica Familiar, EMDR, Terapia Cognitivo-Comportamental, dentre outras, se mostram eficazes na cura de traumas herdados.
- Autoconhecimento e mindfulness: A prática de autoconhecimento, incluindo meditação e escrita terapêutica, é essencial para perceber e ressignificar padrões emocionais.
- Escolhas conscientes: Reconhecer e substituir padrões familiares destrutivos por comportamentos saudáveis é um passo crucial para quebrar o ciclo de dor.
- Construção de uma nova narrativa familiar: Reescrever a sua história e transformar a dor em crescimento e resiliência é uma das formas mais poderosas de superação.
É possível interromper ciclos de dor e sofrimento que se estendem por gerações. Com coragem, dedicação e as estratégias corretas, você pode transformar a sua vida e, consequentemente, a vida das gerações que estão por vir.
Ao interromper esses ciclos negativos, você não só promove a sua própria cura, mas também cria um legado de saúde emocional, fortalecendo suas relações e criando um futuro mais próspero para si e para aqueles que virão.
Lembre-se: cada passo que você dá é um passo em direção à liberdade emocional. A transformação começa dentro de você, e as possibilidades de um novo começo são infinitas.
Leia também:
Referências:
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